quarta-feira, 9 de julho de 2008

SE MINHAS MÃOS















SE MINHAS MÃOS
PUDESSEM DESFOLHAR


Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.


E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.


Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as
estrelas
e mais dolente que a mansa
chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez?
Que culpa
tem meu coração?

Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Garcia Lorca

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