sexta-feira, 18 de julho de 2008

poesia, sempre
















poesia, sempre

Em todos os jardins hei-de florir,
em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
a tudo quanto existe me hei-de unir,
e o meu sangue arrasta em cada veia
esse abraço que um dia de há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
todo fogo que habita na floresta
conhecido por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
a secreta abundância dessa festa
que eu via prometida nas imagens.

Sophia de Mello Breyner Andresen


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