sexta-feira, 30 de maio de 2008

Não diga nada




Não diga nada
observe meus lábios a atinar
desejos que se perdem
entre um não poder... e um
indestrutível querer.

Não diga nada
apenas veja meus olhos que
estancam a dor do não ter
corroendo entranhas que
chorando silenciam.

Não diga nada
imagine o reverso,
sinta a dor que minha alma
em furor transcende
desejando com veemência ser teu universo.

Não diga nada
pense detidamente
que não é insensível o teu saber
insciente de um sofrer
nem relegado é meu viver.

Não diga nada
mesmo que se faça inaudito,
ouça meus murmúrios
palavras mudas transformadas
em vertentes clamando por ti...
entre gritantes malditos.

Não diga nada
tente apenas sentir o calor
que em delírio se faz passional
regente, insistente,
preexistente em meu corpo
inexplicavelmente... anormal.

Não diga nada
atente-se sem preterir,
não adianta fugir...
perceba que me faço presente
como nanquim na supremacia
de uma folha branca,
seja noite ou sendo dia.

Não diga nada
subleve atinente
um passado tão presente
selado pela história
se relatando ainda chora e
quem em brasa queima ardente.

Não diga nada
não se engane,
por que a ti mesmo furtar ?
Seduzindo o passageiro, extinguindo o verdadeiro
alicerce sem firmar.

Não diga nada
pois incabível se faz, evasiva alegação,
não se rompe aliança quando na fronte
se estampa o desejo a atração.

Não diga nada,
nem necessário se faz,
O sexo degenerado
como tatuagem marcado
submerge como febre, sou remédio a curar.

Não diga nada,
não aparte! Meu perfume esta no ar
busque o auge, dou-te o ápice
o profano e tão insano, basta vir me procurar.

Não diga nada
sou seu feminil provocante alimento
na chegada excitante
quedenominando sentimento,
emoção,
vai desterrando o viso
que insistente vocifera um coração.
Não diga nada.

Elizabeth Misciasci

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