domingo, 30 de setembro de 2007

Não escreverei versos chorosos


Não escreverei versos chorosos cantando tristezas infinitas, amores impossíveis, saudades dolorosas, paixões trágicas e não correspondidas. Tenho a vocação para a felicidade. Ser feliz não me traz sentimento de culpa. Não preciso da tristeza para justificar a inutilidade da vida.Não preciso morrer e ir ao céu para encontrar a felicidade. Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do aqui e do agora.A felicidade, tal e qual, o amor está dentro de mim e transborda em ternuras,em melodias, em carinhos, em alegrias, em cantos e encantos.Sou feliz e não preciso me justificar. Sorrio sem ver passarinho verde. Não tenho medo de ser feliz .Faço minha estrela brilhar sem receio dos encontros, desencontros, encantos e desencantos que o amor me diz.Contrariedades? Eu as tenho! E quem não as tem na vida secular? Escassez de dinheiro? Nem é bom falar.Amores não correspondidos? Separações? Rejeições? Saudades incuráveis?Carinhos reprimidos, ternuras guardadas, sem a contraparte do outro? Eu tenho aos montões. Sou a rainha das perdas, necessárias ao meu crescimento.Contudo quem não soubea sombra não sabe a luz.E num livro de matemática existencial juntei todos esses problemas insolúveis, com as respostas nas últimas páginas.Mas pra que me debruçar sobre eles, procurando a solução se a própria vida me conduz a resposta final?Sem medo de ser feliz vou por aqui e por ali... Por onde os caminhos, as trilhas, os atalhos me levarem , traçando meu rumo.Às vezes com alguma tristeza mas quem disse que felicidade é o contrário de tristeza?Tristeza é só uma momentânea falta de alegria!É, amigo, amanhã é sempre um novo dia e quando a infelicidade passar por aqui, minhas malas estarão prontas para eu ir por ali.
Carlos Drummond de Andrade

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